{Resenha} Eu estive aqui - Gayle Forman

Título: Eu estive aqui
Autor (a): Gayle Forman
Editora: Arqueiro
Páginas: 228
Gênero: Jovem adulto maduro
♥ ♥ ♥ ♥ ♥ (★)

Sinopse: Quando sua melhor amiga, Meg, toma um frasco de veneno sozinha num quarto de motel, Cody fica chocada e arrasada. Ela e Meg compartilhavam tudo... Como podia não ter previsto aquilo, como não percebera nenhum sinal?
A pedido dos pais de Meg, Cody viaja a Tacoma, onde a amiga fazia faculdade, para reunir seus pertences. Lá, acaba descobrindo muitas coisas que Meg não havia lhe contado. Conhece seus colegas de quarto, o tipo de pessoa com quem Cody nunca teria esbarrado em sua cidadezinha no fim do mundo. E conhece Ben McCallister, o guitarrista zombeteiro que se envolveu com Meg e tem os próprios segredos. Porém, sua maior descoberta ocorre quando recebe dos pais de Meg o notebook da melhor amiga. Vasculhando o computador, Cody dá de cara com um arquivo criptografado, impossível de abrir. Até que um colega nerd consegue desbloqueá-lo... e de repente tudo o que ela pensou que sabia sobre a morte de Meg é posto em dúvida.
Eu estive aqui é Gayle Forman em sua melhor forma, uma história tensa, comovente e redentora que mostra que é possível seguir em frente mesmo diante de uma perda indescritível.

Eu estive aqui é a nova aposta de Gayle Forman no Brasil, de romances docinhos, adolescentes “problemáticas” em internato, para o tema suicídio. Gayle decidiu quebrar um “tabu” e escrever sobre um tema tão polémico, e ao mesmo tempo difícil.

Meg e Cody são amigas inseparáveis desde a infância e foram apelidadas de 'carne e unha' fizeram inúmeros planos, principalmente depois da conclusão do ensino médio.

Entretanto Meg se aventurou sozinha ao sair da casa dos pais e tentar a faculdade mais prestigiada em Tacoma, deixando sua melhor amiga para trás. Cody se sujeitou a trabalhar de faxineira e sem um futuro tão glorioso. O que ela não esperava é que sua melhor amiga se suicidasse alguns meses depois, da vida tão perfeita e planejada por Meg desde a adolescência.

A vida de Cody virou do avesso após receber a noticia do suicídio. Como ela nunca percebeu os indícios suicidas da amiga? Meg, nunca havia contado problemas? Ou algo que a fizesse pensar em suicídio? Elas não eram amigas inseparáveis?

            Os pais de Meg pedem para que Cody vá ate a cidade de Tacoma  retire os pertences da filha na republica, e arrume todas as pendencias. Mas é neste ponto que esta o problema Meg fez tudo de forma minuciosa e planejou com perfeição, não havia pendencia nenhuma, até as roupas já estavam encaixotadas e sua cama, devidamente arrumada. 

(...) existem muitos outros caminhos. Tantas maneiras de viver, de definir o eu viver significa para você e mais ninguém. Nossa forma de pensar é tão limitada, e uma vez que você entende isso, uma vez que você decide não se conformar com essas limitações artificiais, tudo é possível e você se sente muito livre.    (...) pg. 114

Cody se desloca até a cidade e conhece os "amigos" de Meg, algumas coisas estranhas começam a aparecer. E quando ela vasculha o notebook, sente que mesmo com tudo 'apagado' ele esconde algo. Aflita, ela mergulha numa investigação afim de entender o que Meg passou com sua nova vida aparentemente perfeita até o ocorrido. Dentro desta avalanche de acontecimentos ela acaba conhecendo o guitarrista por qual Meg se apaixonou, os gatos que ela havia adotado da rua, e descobre que a amiga passava muito tempo sozinha em seu próprio quarto, entre muitos os outros segredos que ela nunca pensou que existisse.

“Você se lembra de ter sofrido antes de nascer? Se lembra de algum tormento antes de ter vindo para este mundo? Às vezes uma dor é tolerável ate ser tocada, ate cutucarmos a ferida. O mesmo se aplica ao sofrimento nessa vida; ele é trazido à tona pelo tumulto da existência. “Não é a morte ou a dor que de deve ser temida, mas o medo da dor ou da morte”. Não tenha medo. Não se apavore. A dor ira embora e você estará livre.” Pg. 92

 Cody está totalmente empenhada em esclarecer os fatos, e agora se dividi entre; faxinas, viagens à Tacoma, e noites na internet em busca de coisas que levem ao que conduziu o suicídio da amiga. Com uma pontada de culpa pela morte de Meg, ela se sente cada vez mais desesperada para descobrir o que realmente estava acontecendo. Será que alguém a obrigou a se matar? Influenciou? Meg, tinha motivos para tal fato? As respostas parecem estar mais perto do que Cody imagina.

Um livro extremamente real trazendo tema que ainda é tabu e difícil de lidar. Mesmo com um tema tão forte a autora conseguiu desenvolver de uma forma que prendesse o leitor do inicio ao fim.

O enfoque maior da autora foi o desenvolvimento dos demais personagens depois do ocorrido, Cody se viu totalmente desmotivada por não conseguir ir para a faculdade que planejou, se viu obrigada a fazer faxinas e ainda ficava longe da melhor amiga. Será que esse desânimo realmente acontece com a maioria dos jovens? O drama é tão intenso que sentimos na pele cada agonia, e dor de Cody. Quanto à morte de Meg achei extremamente importante o gancho que a autora pegou para nos alertar sobre a influência negativa da internet, sobre onde estamos gastando nosso tempo, lendo e qual é nosso circulo de amizade ainda que seja numa rede social.

O livro foi muito bem escrito, com uma narrativa fácil e fluída. A mensagem é válida e a trajetória de Cody é sem duvida tocante. O recomeço dom sua mãe, os pais e os amigos de Meg, ligaram uma rede de recomeços que mexeu comigo.
No final do livro a autora deixou uma nota, onde dizia os trabalhos e entrevistas que ela fez, e conheceu uma história parecida com a de Meg, portanto não se trata apenas de uma ficção e sim de uma realidade oculta.